O projeto para a transformação do edifício parte de uma leitura criteriosa da sua pré-existência, com o objetivo de atualizar a sua identidade arquitetónica, tanto no exterior como no interior, respeitando o contexto urbano e valorizando a interação entre espaço, luz e materialidade. A intervenção procura uma linguagem contemporânea que dialogue com a memória do edifício original, privilegiando linhas simples e materiais de qualidade, ao mesmo tempo que otimiza a funcionalidade e o conforto.
A luz natural assume um papel central na conceção deste edifício, funcionando como elemento escultórico que molda a perceção dos espaços interiores. Para maximizar o aproveitamento da luz, foram introduzidas novas aberturas estrategicamente posicionadas, especialmente em fachadas orientadas a poente. Estas aberturas permitem uma iluminação uniforme e criam momentos de surpresa espacial, reforçando a continuidade vertical entre os pisos.

No interior, a paleta de cores claras e a utilização de elementos vazados permitem uma permeabilidade luminosa que enriquece a experiência sensorial. Os espaços são desenhados para serem flexíveis, promovendo uma planta livre no piso social e permitindo a personalização de acordo com as necessidades dos utilizadores.
A atualização da fachada, revestida com azulejos tradicionais reinterpretados, alia-se à introdução de elementos modernos, como molduras em madeira nas janelas. Este equilíbrio entre o tradicional e o contemporâneo reflete a intenção de preservar a identidade do edifício, enquanto se projeta para um futuro sustentável e funcional. No interior, a sobriedade dos materiais naturais, como madeira e microcimento, reforça a sensação de conforto e modernidade.

O resultado final é um edifício que promove uma arquitetura intemporal, funcional e plenamente adaptada às exigências do habitar contemporâneo.