No presente projeto pretende-se que a ampliação e as novas valências, venham dar resposta às necessidades verificadas no Município e promover uma nova forma de envelhecer, que pretende contribuir para mudança do paradigma relativo ao envelhecimento e do conceito de “lar”, que muitas vezes condiciona a decisão dos utentes que tanto precisam.
A proposta de configuração do edifício e a sua agregação dos usos, procura utilizar os espaços exteriores ao edifício, nomeadamente os jardins/pátios como o elemento agregador dos espaços, contribuindo para um envelhecimento ativo e estimulante.
“O envelhecimento tornou-se uma questão social relevante, havendo necessidade de novas oportunidades e sinergias, de forma a dignificar a vida dos mais velhos, tornando-os ativos e integrados na sociedade.
Perante o fenómeno do envelhecimento à escala global, este projeto apoia-se num quadro de referência múltiplo, encarando o envelhecimento como um processo de otimização face aos acontecimentos de vida e oportunidades para a saúde, participação e segurança e aprendizagem ao longo da vida.
Neste sentido, uma leitura positiva do envelhecimento pressupõe a otimização do funcionamento do indivíduo ao longo da vida, na dinâmica de ganhos e perdas, em busca do envelhecimento bem sucedido.” (Envelhecimento, Intergeracionalidade e Bem-Estar” - Marisa Cantinho, 2018)
O programa é composto por uma Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) para 51 utentes e um Centro de Dia (CdD) com capacidade para 40 utentes, sendo que destes 40, pretende-se que 20 sejam destinados a dar resposta a utentes com demência.
É proposta um edifico “sem barreiras”, que tem como conceito base a permeabilidade, em redor dos pátios que se propõe, para uma vida comunicativa, de integração e socialização em comunidade.
Esta denominação resulta do desenvolvimento de um objeto arquitetónico que estabelece uma grande permeabilidade entre o exterior e o seu interior, assumindo o jardim e o seu exterior como uma “tela”, em toda a atividade no equipamento. Pretende-se deste modo o esbatimento das fronteiras entre o interior e o exterior envolvente, aproveitando e trabalhando a luz natural, enquanto matéria-prima da arquitetura, reveladora da plasticidade escultórica dos espaços interiores e como elemento unificador.
Os diversos enfiamentos visuais acompanham a pessoa ao longo dos espaços, sendo estes percecionados como um somatório unificado.
O presente projeto foi concebido de forma a alcançar o conceito de "Nearly Zero Energy Building" (nZEB), ou seja, um edifício de energia quase zero que consome uma quantidade mínima de energia, produzindo a sua própria energia de fontes renováveis.

Além das soluções passivas adotadas para a otimização da iluminação, ventilação e conforto, as simulações desenvolvidas permitiram desenhar o modelo mais adequado para o sistema de aquecimento e arrefecimento do edifício, assente na instalação de bombas de calor associadas a um conjunto de painéis fotovoltaicos localizados na cobertura do edifício.
O sistema baseado em bombas de calor permite proporcionar maior conforto térmico aos ocupantes do futuro edifício, já que irá ajustar a temperatura de acordo com as necessidades individuais de cada ambiente. Por exemplo, será possível manter a temperatura mais baixa nas áreas de circulação e com menor fluxo de pessoas ou nas áreas de armazenamento, enquanto as áreas com mais ocupação poderão ser mantidas com a temperatura de conforto.
Além disso, o sistema irá ser utilizado para o produzir água quente para uso doméstico eliminando a necessidade de instalar coletores solares.
Consideradas o conjunto amplo de estratégias passivas que foram adotadas para reduzir as necessidades de consumo de energia e que os painéis solares fornecem a energia elétrica necessária para alimentar as bombas de calor, é possível garantir que o edifício cumpra mais do que 20% dos requisitos de um nZEB.