A imagem do edificado existentes e as relações culturais do modo de habitar na Guiné-Bissau, com referências nos finais do século XVIII e meados do XIX em que a construção de conjuntos de casas de adobe e texto em colmo se agregavam em torno de um grande pário aberto, conduziu a um cruzar de referencias em que as habitações de planta circular transformadoras dos modos de habitar na Guiné-Bissau resultavam em parte da parca disponibilidade de meios e recursos, como as que, na sua forma original apresentavam um conjunto de núcleo circular “nanku” com varanda exterior, que se procurou reinterpretar e mimetizar.
A transformação operada pelo grande plano de Bissau da década de 20 que inspirado no modelo da cidade jardim, reflectiram-se nas praças e edifícios de arquitectura com expressão cultural de um progresso e desenvolvimento ambicionado.
Este conjunto de referencias concorreram para uma ideia de serem mantidas as condições para uma leitura coerente e global do edifício no conjunto da cidade, e na transformação do volume da habitação tradicional num novo pátio que vê a sua forma modificada para uma geometria pura de forma circular em torno da qual se distribui o conjunto dos espaços que antes eram um grupo de casas, e que no presente projecto se transformam num centro cultural agregador de uma identidade reinterpretada e adaptada a manutenção e disseminação de um referencial cultural, onde o projeto procede a uma construção do conceito da “inclusão em torno da cultura no lugar”.
Esta denominação resulta do desenvolvimento de um objeto arquitetónico que estabelece uma ponte entre a cultura do país, da sua história e a inclusão, desenvolvendo um edifício que valorize utilize a arte como uma ferramenta de inclusão. Deste modo através dos sistemas tradicionais de construção e o carisma existente na construção do país desenvolveu-se um volume com formas geométricas puras que é esculpido por um conjunto de pátios e pela subtração do volume paralelepipédico que marca e enfatiza a leitura da entrada. O pátio central, um pátio circular transpõe numa forma gráfica a ideia de inclusão, criar um espaço de socialização e ao mesmo tempo de contemplação da cultura guienense.
No interior do edifício pretendeu-se criar uma grande permeabilidade entre os vários espaços, assumindo o pátio (“inclusão em torno da cultura no lugar”) como elemento central e de ligação em toda a atividade do centro cultural, aproveitando e trabalhando a luz natural, enquanto matéria prima da arquitetura, reveladora da plasticidade escultórica dos espaços interiores e como elemento unificador.
O edifício é um composto interligado de 40 espaços todos articulados ao longo de um só piso. A organização funcional/espacial dos espaços baseia-se numa divisão entre as zonas permanentes e temporárias separadas interiormente por um grande pátio, que interliga e permite um funcionamento independente das diferentes zonas.